A sociedade humana, em média, tem evoluído tremendamente nos últimos milénios. Os desenvolvimentos científicos e tecnológicos são inegáveis, assim como são os progressos gigantescos nos campos dos direitos humanos e da liberdade de expressão. Contudo, quando olho para toda esta passada [r]evolução, encontro uma área que me parece ser rodeada por um certo nevoeiro cerrado de tabu. Refiro-me aqui á evolução emocional, no contexto de liberdade de expressão. Enquanto que quase todos os aspectos intelectuais são encorajados na sociedade actual, a faceta emocional do ser humano parece-me extremamente ignorada, marginalizada e até mesmo reprimida.
Na escola aprende-mos a ler e a escrever, aprendemos matemática, história, geografia e biologia. Ou seja aprendemos tudo o que já para aprender acerca do mundo exterior. Mas quem nos ensina a nos compreendermos a nós próprios? Quem é que promove a auto-analise? Ninguém. O que não surpreende uma vez que o ensino escolar não existe com o intuito de criar humanos auto-suficientes (salvo seja!), mas sim humanos moldados e prontos a encaixarem na máquina de produção industrial capitalista. E assim passam gerações de humanos, muitos deles até relativamente cultos em matérias do exterior, inconscientes deles próprios, cada um lidando com crises interiores como pode.
Alguns contam com a ajuda, feliz ou infeliz, de um “perito” da matéria, o psicólogo da mente humana. Este analisa a superficialidade, em vez de compreender a profundidade. Distribui opinião, em vez de compaixão. Receita medicações, em vez de meditações. E assim pergunto-me, não seria o mundo mais sincero e mais saudável se a expressão de emoção fosse encorajada, suportada e conversada? Se berrar alto quando estamos furiosos; se chorar em bica quando nos sentimos fracos; se rir á gargalhada sem razão aparente, fosse não apenas aceite mas também celebrado no meio social? Isto, claro, desde que não magoe e de preferência que não ofenda ninguém, pois para isto se inventaram as almofadas.
Emoções ditas “negativas” não são bem vindas, são especialmente proibidas. Fúria, ódio, ciúme, tristeza, saudade, etc. Quantas vezes perguntamos “Como estás?” sem querermos ouvir a resposta realmente honesta? Quantas vezes respondemos “Bem, obrigado!” porque sabemos que se disséssemos a verdade, não seria apenas socialmente “incorrecto”, mas pior, levaríamos com uma carrada de julgamento (ainda que não expressado) que não ajudaria em nada como nos sentimos cá dentro. A verdade é que todas as emoções são validas. As razões porque nascem podem não ser lógicas mas não acredito que seja benéfico ignorar ou reprimir algo sob o qual parece termos pouco o nenhum controlo. E uma vez que “sou o que sou, por causa do que todos nós somos” porque será que não nos interessamos verdadeiramente com o bem estar do vizinho quando perguntamos “Como estás?”
No comments:
Post a Comment